EM BUSCA DA IGUALDADE

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.”

(Karl Marx)

Uma sociedade democrática, justa e humanitária pressupõe o respeito a todas as pessoas e a garantia de direitos, independente de sexo, cor, idade, condições físicas, mentais e orientação sexual. Esta é uma disposição de nossa Lei maior, desde 1988. Cabe aos conselhos promoverem a discussão na sociedade, estimulando a transformação da mentalidade antiga para estes novos conceitos, visão de homens e mulheres, combatendo as desigualdades e valorizando a diversidade humana, em que todas as diferenças são fundamentais.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Unidade 4 - Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras: uma Agenda Contra o Racismo

TreVozes femininas - O ativismo das mulheres negras brasileiras



O ativismo de mulheres negras não apenas na sociedade brasileira, mas em toda a história da diáspora, ultrapassa as demarcações históricas impostas pelas datas que marcam o início do feminismo no mundo. Muito antes das mulheres buscarem   direitos iguais no mercado de trabalho, as mulheres negras eram a principal força de trabalho que impulsionava o crescimento do Brasil como nação. De Dandara a Luiza Mahin e de Carolina Maria de Jesus até Benedita da Silva, a história das mulheres negras é marcada por luta, militância e pela bravura necessárias para enfrentar muitas vezes triplas jornadas e sofrer duplamente com a discriminação.
Com a intenção de apoiar essas mulheres nas batalhas do dia a dia e partilhar experiências que possam servir como incentivo para continuar a luta, foram criadas no decorrer da história, entidades de mulheres negras com as mais diversas características.
Dentre essas instituições está a ONG carioca Criola, que há duas décadas atua na formação de mulheres negras, para que essas se tornem agentes de transformação da sociedade, com ações voltadas para as áreas da saúde, economia, trabalho, direitos humanos, ação política e articulação com movimentos sociais, entre outras.

Dentre as fundadoras da Criola está a coordenadora geral, Jurema Werneck, que vê o ativismo como algo latente as mulheres negras brasileiras e aponta como ponto de partida da luta dessas mulheres, o exemplo transmitido pelas Ialodês, orixás femininas,  representadas na mitologia africana sempre por personalidades fortes e pela autonomia marcada significativamente pela maneira pelas quais elas impõem sua vontade aos orixás masculinos que fazem parte do panteão.

Em entrevista exclusiva a Afrobrasnews, Jurema Werneck, fala sobre a luta de mulheres negras, as conquistas já obtidas e sobre o que ainda é necessário enfrentar, nessa jornada pela sobrevivência.

Afrobrasnews - A Criola existe há aproximadamente duas décadas, quais as necessidades que motivaram a criação da instituição e como foi o processo para que essa se concretizasse?
Jurema Werneck 
- Primeiro, a necessidade de dar continuidade a uma herança das mulheres negras, que se refere à atuação política - desde sempre, fomos ativas e ativistas. Criola é uma forma de passar adiante esta herança.
Segundo, a certeza de que o racismo patriarcal tem um funcionamento diferenciado segundo o sexo e a identidade de gênero das pessoas. Assim, uma vez que mulheres, homens, lésbicas, homossexuais e transexuais vivenciam o racismo de modo diferente, é preciso dar visibilidade a seus diferentes mecanismos, bem como   às diferentes formas de enfrentamento necessárias. Ao lado de reconhecermos a necessidade urgente de tornar explícitas nossa recusa e condenação às opções violentamente sexistas em curso na sociedade em geral e no interior das comunidades negras, que buscam anular nossa potência e capacidades de ação.
Afrobrasnews -  Nesse período quais são os avanços que vocês observam na luta das mulheres negras no Brasil e o que ainda precisa ser conquistado?
Jurema Werneck 
- São 19 anos de existência. O mundo não muda tão rápido. Mas novos posicionamentos, novas condições de luta e participação na sociedade podem ser percebidas na sociedade brasileira. Um forte exemplo são as novas intelectuais negras: uma conquista da luta. Nós que começamos na década de 80 ou 90 tínhamos grandes referências intelectuais negras, mas eram poucas. Falo de mulheres como Lélia Gonzáles, Beatriz Nascimento e outras poucas, que colocaram seu pensamento, seu talento, sua visão de mundo como suporte às nossas lutas de transformação. Agora estamos formando um número muito maior de intelectuais - espero que elas respondam e percebam o tamanho de sua responsabilidade.
Podemos verificar também que, ainda que o sexismo continue em vigor, não é tão esdrúxula, na sociedade, a visibilidade de mulheres negras em luta falando e seu próprio nome.

Afrobrasnews - Na Criola vocês desenvolvem projetos em diversas áreas. Qual o perfil das mulheres que procuram a instituição e que tipo de atividades são desenvolvidas?
Jurema Werneck - Nosso trabalho é de e para mulheres negras. Assim, os perfis são os mesmos que nós temos: diferentes escolaridades, diferentes faixas de renda, diferentes possibilidades de luta, diferentes graus de experiência das violências do racismo patriarcal. Nossa tarefa é propor a elas e com elas novas estratégias de ação, compartilhar informações e conhecimentos  e atuar juntas nas lutas que são necessárias.

Afrobrasnews - Em sua opinião, quais são as políticas públicas voltadas para a questão de gênero, especialmente ao se tratar de mulheres negras no Brasil, que ainda precisam ser construídas pelo governo?
Jurema Werneck 
- Apesar da forte atuação de Criola no campo da defesa e análise de políticas públicas das diferentes esferas (municipais, estaduais e nacionais), não   encontramos ainda nenhuma política efetiva e consistente que  tenha as mulheres negras como prioridade. Isto dá a medida de quanto temos que caminhar e do tamanho da dívida brasileira conosco - especialmente se considerarmos que estamos há 9 anos com governos nacionais de esquerda, que tiveram e têm mulheres negras em seu primeiro escalão! É preciso que estes governos, administradores da riqueza produzida em grande parte por nós, mulheres negras, nos devolvam o que é nosso por direito - em forma de políticas de educação, de saúde, de trabalho e emprego, de moradia, de transporte e etc - com vigor suficiente para eliminar as disparidades que existem no Brasil entre as mulheres negras e as mulheres brancas. E, principalmente, acabar com o privilégio dos homens brancos na apropriação das riquezas nacionais. Foi para isso, por sinal, que estes governos receberam novos votos.
Afrobrasnews - Você acredita que o fato de a presidente do Brasil ser uma mulher pode impulsionar a criação dessas políticas?
Jurema Werneck 
- Acho que o fato de termos uma mulher na Presidência é uma consequência de nossa luta - e que dá a ela uma responsabilidade insuperável de fazer valer a herança e o mandato que recebeu. Mas para isso, é preciso, mais do que ser mulher, estar disposta a romper com o racismo patriarcal e derrubar toda a rede de privilégios que ele deixa disponível para todos os que são brancos, inclusive esta mulher que está na presidência. É preciso também que nós mulheres negras nos posicionemos nas lutas por nossos direitos de forma consistente, recusando cooptações e buscando novas estratégias para darmos os passos necessários à mudança real.
Por: Daniela Gomes



Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras: 
Uma Agenda Contra o Racismo.

Os principais conceitos apresentados são os movimentos negros no início do século XX; as associações com intuito de organização com fins de proteção social; o constrangimento de cunho racial; participação da imprensa negra como suporte para a defesa dos negros (as); todos os tipos de frente, União e Movimentos Negros Brasileiros contra a discriminação racial; Atuação dos negros em papéis principais do TEM com participação feminina; Conselho nacional das Mulheres Negras; Requisitos básicos de cidadania como Certidão de Nascimento, carteira de trabalho e apoio jurídico; Desarticulação da FNB durante a vigência do Estado Novo; Ditadura Militar; Ação coletiva negra antirracista; democratização do país; Lazer para a juventude negra; Soul Music e moda Black Power; Lutas contra o racismo e o sexismo e pela emancipação; Sindicalismo e mobilizações estudantis; Seguimento progressista do país;  Cidadania e afirmação ético-racial; Mobilizações antirracistas nacionais e lutas pelos direitos civis; Preconceito de cor e as desigualdades raciais; Discriminação e desigualdades raciais no Brasil; Desenvolvimento do capitalismo brasileiro; Movimento feminista e sociais;
 As mulheres negras presentes e atuantes no movimento negro graças a sua formação e organização; A resistência do negro a quase quinhentos anos de sofrimento físico e moral; O/A negro como participante da formação histórico-social do país; Sofrimento de discriminação recriada na sociedade contemporânea; Exploração da classe ploretária tanto para negros como brancos pobres sofrem tais efeitos; Mulheres negras a papéis  sexuais ; processos de socialização; Distribuição desigual de poder; As mulheres negras entre as classes sociais mais desprivilegiadas; As mulheres negras procurando sempre articular as esferas locais e globais de mobilização de recursos econômicos e políticos ; Formação do Conselho estadual da Condição Feminina de São Paulo sem ter nenhuma mulher negra como integrante; Políticas publicas de promoção da Igualdade de gênero e combate à discriminação contra as mulheres; Criação das delegacias Especializadas no atendimento à mulher (DEAMS) e treinamento de profissionais da segurança pública; Conquistas feministas com apoio dos encontros estaduais de mulheres negras; 

Direitos sociais garantidos pela constituição; experiência na ação coletiva; Fórum Nacional Mundial em prol da articulação das Mulheres Negras; Discriminação especialmente de gênero, raça, etnia, de credo religioso e de condições socioeconômicas.


Trechos do Fichamento de um 

Aluno do Curso em Gestão de 

Políticas Públicas em Gênero

 e Raça - GPPGR/UFES

Unidade 3 – Desigualdades raciais e realização socioeconômica: uma análise das mudanças recentes


O entendimento dos conceitos utilizados em nossa sociedade para discriminar, mascarar ou ocultar o racismo é um passo fundamental na construção de uma educação antirracista. Atualmente, é muito comum, ao falarmos em raça, sermos acusados de racistas, como se a simples menção ao conceito significasse uma aceitação do que ele historicamente significou e ainda significa. Fugir ao debate não resolve o problema, pois o racismo e os seus efeitos podem ser percebidos no nosso cotidiano, na escola e fora dela.
Os conceitos de raça e etnia ainda hoje são bastante controversos, especialmente quando utilizados como sinônimos e que ainda persiste no vocabulário de muitas pessoas. É necessário desvendar a história e os fundamentos políticos destes conceitos para que as dúvidas possam ser dirimidas.
Desigualdade racial no Brasil tem sido o enfoque de numerosos estudos nos últimos anos. O tema tornou-se importante para o debate sobre oportunidades socioeconômicas depois de quase ter sido esquecido por cientistas sociais. A razão principal para isto era que as relações raciais no Brasil vinham sendo vistas dentro de um contexto de “democracia racial”, no qual se assumia que todas as raças viviam juntas sem nenhum conflito ou desigualdade social diretamente associada a relações raciais, mas a relações de classes. Assim, a noção sobre o povo brasileiro incluía “povo pacífico” ou “o homem cordial”. Para essa visão, embutida na natureza da sociedade há uma tendência para conciliação e concerto em lugar de conflito. Um exemplo disto é, até recentemente, a insipiente representação de movimentos raciais e/ou étnicos que reivindicariam a igualdade de oportunidades sociais para grupos raciais distintos (Hasenbalg e Valle Silva, 1988).
Até o século XVIII, o conceito de raça foi um termo referente a grupos com ancestrais comuns, não sendo utilizado para designar a natureza dos indivíduos pertencentes a esses grupos. A explicação das diferenças físicas entre os homens era apoiada no paradigma cristão. Nesta visão, algumas sociedades não seriam destinadas ao desenvolvimento e ao progresso pelo fato de seus habitantes serem classificados como “pagãos, hereges”. Outro aspecto importante dessa visão é a dedução de que europeus, asiáticos e africanos deveriam possuir ancestrais distintos uma vez que as diferenças entre eles se repetiam em sucessivas gerações.  Na Antiguidade, gregos e romanos notavam diferenças de cor entre os indivíduos, mas essas diferenças eram atribuídas ao clima. Os negros seriam escuros porque o sol havia bronzeado as suas peles e frisado os seus cabelos. Os brancos seriam claros por falta de sol. A cor dos membros de um grupo, até então, não era destacada como o indicativo de sua superioridade ou inferioridade. O que realmente importava não era a cor da pele dos povos e, sim, se eles eram “civilizados” ou “bárbaros”, diferenciação ligada à cultura, linguagem ou religião.  Na região Mediterrânea, havia “civilizados” e “bárbaros” de todas as cores.
A estratificação social: indica a existência de diferenças de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes;
Estratificação econômica: baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;
Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);
Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade;
A estratificação social é a separação da sociedade em grupos de indivíduos que apresentam características parecidas, Ex: negros, brancos, católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos, etc.
A estratificação é fruto das desigualdades sociais, ou seja, existe estratificação porque existem desigualdades.
A estratificação social esteve presente em todas as épocas, desde os primeiros grupos de indivíduos até os nossos dias. Ela apenas mudou de forma, de intensidade e de causas.
Teoria Econômica Neoclássica - A Escola Neoclássica surge na década de 1870 e introduz, na teoria clássica, novas produções do pensamento econômico, principalmente os Marginalistas, como William Stanley Jevons, Léon Walras e Karl Menger, que propuseram novos modelos teóricos acerca do valor, da utilidade, do trabalho, da produção, da escassez, da formação dos custos e dos preços. Para os Neoclássicos, o foco mais importante era o funcionamento do sistema de mercado e seu papel como alocador eficaz de recursos.
Racialmente endogâmicos - casamentos entre pessoas pertencentes à mesma raça/etnia.
Mobilidade ascendente - movimento de ascensão e elevação na escala social.
Teoria Econômica Neoclássica - A Escola Neoclássica surge na década de 1870 e introduz, na teoria clássica, novas produções do pensamento econômico, principalmente os Marginalistas, como William Stanley Jevons, Léon Walras e Karl Menger, que propuseram novos modelos teóricos acerca do valor, da utilidade, do trabalho, da produção, da escassez, da formação dos custos e dos preços. Para os Neoclássicos, o foco mais importante era o funcionamento do sistema de mercado e seu papel como alocador eficaz de recursos.
Regulação do Trabalho Doméstico - Em junho de 2010, será realizada a 99ª Conferência Internacional do Trabalho (OIT) para discussão da adoção de um instrumento internacional de regulação do trabalho doméstico. O debate se baseia no documento Trabalho decente para trabalhadoras domésticas, publicação que sistematiza os questionários respondidos pelos estados membros da OIT sobre as condições do trabalho doméstico em cada país. Nesse documento, a FENATRAD - Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas - se destaca por ter sido uma das poucas organizações de trabalhadoras domésticas do mundo que participou do processo de consultas.
Autonomização - processo que se governa e se reproduz por si mesmo e por suas próprias leis, de forma independente.
Autonomização de status - Corresponde à fase do ciclo de vida na qual o/a jovem começa a adquirir status social próprio, envolvendo primordialmente duas dimensões: acesso ao mercado de trabalho e escolha marital (que corresponde aos diferentes arranjos na constituição de uma nova família).
Realização de status - fase correspondente ao momento no qual o indivíduo assume um status próprio e autônomo definido a partir da sua posição na estrutura sócio-ocupacional e da distribuição da renda pessoal.
Não há solução em curto prazo para esses problemas. Para que a essa situação seja vencida, é necessário vontade política e compromisso com os valores da igualdade social e dos direitos humanos; uma política econômica adequada, que gere recursos; um setor público eficiente, competente responsável no uso dos recursos que recebe da sociedade; e políticas específicas na área da educação, da saúde, do trabalho, da proteção à infância, e do combate à discriminação social, e outras. Tudo isto é fácil de dizer, e difícil de fazer. A construção de uma sociedade competente, responsável, comprometida com os valores de equidade de justiça social. O caminho é longo, mas podemos muito contribuir na criação e execução de projetos que permitam a conscientização sobre a igualdade. Trabalhar junto com as entidades políticas na criação de leis que valorizem o direito, bem como as suas habilidades e potencialidades. Participar de movimentos sociais, trabalhar como mediadora entre escola, aluno, pais e comunidade estabelecendo relações entre todos, incentivando os a contribuir nesse processo de promoção à igualdade, da melhor maneira possível.

Unidade 2 – O percurso do conceito de raça no campo de relações raciais no Brasil

Quando a raça passou a ser um Problema Nacional: Abolição, Teorias Racistas e o Ideal de “Embranquecimento”.

O ano de 1888 com certeza foi muito importante para as pessoas que viviam no regime de escravidão, pois a sua abolição lhe transformou de escravo para cidadão, que já foi um grande avanço, mas a abolição foi falha por ter apenas libertado os escravos, deveria ter feito mais que isso, dado a eles oportunidades de trabalho e conseqüentemente de vida, pois a liberdade sem ter pra onde ir ficou faltando algo, uma vez que aquelas pessoas viveram a vida inteira sobre aquele regime de escravidão assim como um animal em cativeiro e assim que receberam a sua “liberdade” não sabiam pra onde ir, ou seja deveria ter dado a eles a liberdade mas também uma oportunidade de trabalho para que eles pudessem sobreviver de uma forma independente, por que a liberdade ficou meia que teórica.Os escravos continuaram trabalhando pelo pouco mais de nada para os senhores do engenho pois era a única coisa que sabiam fazer e hoje não é muito diferente essas pessoas continuam na maioria das vezes sendo escravos disfarçados dando a sua mão de obra por quase nada para muitos burgueses.

Por questões de cultura, devido essas pessoas serem de pele negra e terem um passado de pobreza em conseqüência da escravidão, eles continuam sendo vistos como pobres e discriminados por isso, só não dar para entender as pessoas que discriminam os negros, pois não há explicação pra isso uma vez que eles nunca fizeram mal para a nação brasileira;pelo contrário sempre trabalharam para o progresso desse país por nada ou quase nada e sobre chicotadas e abusos de todas as espécies.na verdade quem deveria ser discriminado seriam os brancos que usufruíam do trabalho escravo e ainda abusava dessas pessoas e não deixaram uma história de enriquecimento financeiro e cultural para a nação brasileira.

O estabelecimento da igualdade e justiça no mundo moderno está muito distante, pois mesmo depois da virada do século XVIII para o XIX onde foi definido o contorno biológico das raças, mesmo assim as pessoas brancas sempre foram vistas como biológicas morais e intelectualmente superiores a negros.

A patologia da raça, assim como a sexualidade sempre será um motivo de discussão entre os povos pois desde o século XIX as raças eram como o gênero onde não haviam misturas onde cada raça era separada e definida como simplesmente boa ou ruim.Tanto é que quando se iniciou a mistura das raças, onde surgiram os primeiros mestiços eles foram julgados como desgeneradores de raça por estarem descaracterizando cada grupo, onde não deixava de ser uma discriminação.

Uma obra que teve um grande impacto na década de 1930 com referencia ao racismo e a raça foi do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, “Casa-Grande & Senzala”, mas porque não dizer que tal obra ainda nos lembra no dia-a-dia essa discriminação racial, pois mesmo com o fim da República Velha e início da industrialização, ainda vivencias diariamente as diferenças entre as pessoas em todos os sentidos, pois a maioria dos empregos de baixo escalão como por exemplo de domésticas nas casas grandes são sempre dos mais pobres e negros e ao contrário os melhores empregos no mundo da industria são dos brancos que insistem em serem os mais poderosos simplesmente pela cor da pele, e pra isso não precisa ter dinheiro basta ser branca já se sente superior as pessoas negras.

Por mais que muitos discriminadores não aceitam ou até mesmo nem sabem, a cultura brasileira com músicas e comidas conhecidas e apreciadas pelo mundo inteiro é graças aos negros que trouxeram e firmaram no Brasil a feijoada, o a capoeira e o conhecidíssimo mundialmente samba brasileiro.

O Sociólogo norte-americano Donald Pierson, autor do livro “Brancos e Pretos na Bahia, já previa que o Brasil seria uma “sociedade multirracial de classes”, mas se enganou em achar que isso seria apenas uma cor de pele de um povo, pois o meso se enganou ao imaginar que o preconceito de raça não fosse existir entre esse povo tão mestiçado.

Entre os anos de 1940 e 1950, na cidade de São Paulo o absurdo do racismo já existia onde comerciantes discriminadores de negros já se pronunciavam em jornais querendo proibir a circulação dos negros em algumas ruas da cidade , mencionando que a cidade estava com aspecto de Havana, ou seja a cidade estava ficando com cara de um povo negro e pobre e isso poderia afetar sabe lá como a cidade.

A discriminação racial tem um fundamento cultural  séculos atrás, pois a cor da pele, a textura dos cabelos, o formato dos lábios e do nariz sempre relembra aquelas pessoas negras e pobres da era da escravidão e persiste até os dias atuais. Ainda vejo como grande culpa nisso a pós-escravidão que não deu condições de igualdade entre essas pessoas, pois os empregadores mesmo depois da escravidão ainda continuaram e continuam usufruindo da qualidade da mão de obra dos negros porque eles nunca tiveram oportunidade de total liberdade entre os povos, tanto é que recentemente até uma cota foi aprovada nas universidades do país para que os negros pudessem se ingressarem em cursos superiores, vejo que tal atitude só continua a discriminação, pois continua separando as pessoas pela sua cor de pele.

Através de dados do IBGE um sociólogo argentino de nome Carlos Hansenberg começou os seus estudos sobre as separações de classes no Brasil e pode perceber que preto, branco, pardo e indígenas eram, separado dentro de uma nação tão grande, desde a escola até a moradia, tornando assim o Brasil um país de racismo, discriminação e desigualdade racial. Durante essas diferenças existiram todos os tipos de discriminação eram perpetuar por décadas e porque não dizer séculos, até que alguém tome atitude de igualdade entre os povos e veja de forma coletiva pelo povo brasileiro, pois o individualismo e um dos grandes vilões dessa desigualdade entre a nação brasileira.


A minha atuação enquanto gestor só me tornou uma pessoa cada vez mais consciente e revoltada com a tamanha discriminação que existe entre as pessoas pelo simples fato de se manter uma cultura boba que os brancos imaginam serem superiores aos negros pelo simples fato de terem uma pele mais clara que o seu semelhante.

O que faço como pessoa comum e como gestor é primeiro não discriminar e segundo repudiar aqueles que praticam qualquer tipo de discriminação e também de orientar aqueles discriminados a procurarem os seus direitos e punirem com base na lei aqueles que os ofendem e jamais revidar com violência, pois tal prática só alimentará cada vez mais a discriminação.


No meu trabalho como em muitos outros que conheço, os serviços mais pesados são das pessoas negras e sempre existe um que se diz amigo na presença mas na ausência sempre faz uma brincadeira com intenção de discriminação, um belo dia ao ouvir uma dessas piadas referente a um funcionário que cuida da limpeza do pátio, perguntei ao autor da piada se algum dia ele já teria se colocado do outro lado da função e se realmente ele era amigo da pessoa na qual ele se referia a piada com intuído dos demais presentes rirem? Essa pessoa no momento se manteve defendendo e criticando, mas depois refletiu e percebeu que estava errado e hoje se diz mudado e arrependido servindo de exemplo para repudiar discriminação entre os demais colegas de trabalho.

O Brasil, o ultimo País a abolir formalmente o trabalho escravo, concentra hoje o segundo maior contingente de população negra no mundo. Quando em 1888, aconteceu  a abolição da escravatura no Brasil, não foi em decorrência do desejo do branco em ver o negro liberto, mas de ver o País livre da vergonha de ser ainda o único País americano em manter a escravidão. A libertação não foi uma dádiva, mas uma conquista dos próprios negros apoiados política e socialmente pelos abolicionistas. O negro liberto, no entanto, passou a ser negro marginalizado. Enquanto estrangeiros brancos recebiam centenas e milhares de hectares de terra, os negros se amontoavam no morro, pois sequer recebeu um terreno do governo brasileiro pelos seus 400 anos de serviços prestados. Os negros brasileiros têm sofrido, ao longo da nossa história, diversas formas de calúnias. A justificativa para tais acusações variou com o pensamento intelectual da época. O fato é que no Brasil Colônia e no Brasil Império, não houve lugar para o negro no imaginário nacional português ou brasileiro. País que se queria branco, o Brasil se esforçava para realmente brutalizar os negros que importava da África como escravos e os que aqui nasciam. Sua tarefa e justificativa moral era civilizar pela disciplina do trabalho escravo; seu objetivo real era extorquir o máximo possível de trabalho ao menor custo. Poucos descendentes negros se contavam no pequeno espaço social reservado para o exercício da igualdade, da cidadania e da civilidade. 

 No nosso Brasil persiste uma mentalidade profundamente arraigada no sistema escravista/colonial. Em nome de uma “raça superior” já se cometeram milhares de atrocidades durante a história da humanidade. O escravismo é uma constante nos anais da nossa história. O Apartheid, o trabalho escravo, a disseminação indígena são provenientes de uma filosofia de superioridade racial. Enquanto homens se julgarem superiores, teremos necessariamente classes, raças, povos inferiores.

A escravidão como prática em nosso país é profundamente disfarçada. Talvez não se venda mais o corpo do negro ou do trabalhador como outrora, porém, infelizmente, se negocia com a sua identidade, imputando-lhe uma “carga” de inferioridade e discriminação que fere tanto quanto a venda de seu corpo. 

Na sociedade democrática a conquista de direitos iguais propõe aos dominantes repensarem a sua “pretensa” superioridade. Um dos caminhos possíveis de desenvolvimento do processo de superação da prática do racismo é a educação escolar. 

O reflexo da escravidão na qual o negro era tratado como animal, como um ser que não tinha alma nem sentimentos, ainda não foi totalmente transmutado na nossa sociedade. Por mais que se tente mudar esta imagem, há quem não consiga ver no negro aptidões intelectuais, éticas, religiosas e sociais iguais às do branco.

Em síntese, a constatação simbólica se manifesta, no campo político, por ofertas igualmente simbólicas em relação às reivindicações do movimento negro. Tais ofertas vão desde a incorporação da cultura afro-brasileira à cultura nacional até a incorporação à ordem jurídica normativa das reivindicações políticas do movimento negro, tais como princípios constitucionais da não-discriminação e da integração socioeconômica dos negros.


Conceitos:

Antropometria lombrosiana – o médico italiano Cesare Lombroso (1835-1909) desenvolveu a teoria da relação entre as características físicas dos indivíduos e sua capacidade mental e propensões morais. A teoria apontava características corporais do homem delinquente: mandíbulas grandes, ossos da face salientes, pele escura, orelhas chapadas, braços compridos, rugas precoces, testa pequena e estreita.

Lamarkismo – teoria evolucionista de Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck, que foi precursor de Charles Darwin. A teoria se assenta em dois pontos: 1)os seres humanos rumam para a perfeição, dos seres menos desenvolvidos aos mais desenvolvidos; 2)o uso e o desuso, isto é, no processo reprodutivo ao longo do tempo, os indivíduos perdem as características de que não precisam e desenvolvem as que utilizam

Lei Áurea - A Lei que extinguiu a escravidão no Brasil traz o seguinte texto:

Lei Áurea nº 3.353 de 13 de Maio de 1888- Declara extinta a escravidão no Brasil.A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:

Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.

Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.

Mestiços/as- termo utilizado para designar os/as descendentes de duas ou mais etnias ou raças.

Socialismo – conjunto de doutrinas que pregam a reorganização social por meio da estatização dos bens e dos meios de produção, e de uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades para todos e todas. O socialismo moderno surgiu no final do século 18 com intelectuais e movimentos políticos da classe trabalhadora, que criticavam os efeitos da industrialização sobre a propriedade privada. Karl Marx afirmava que o socialismo seria alcançado através da luta de classes e da revolução do proletariado, fase de transição do capitalismo para o comunismo.

Democracia racial - é o termo usado para expressar a crença de que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial, diferentemente do que aconteceu nos EUA e em países africanos. Esta era a imagem que o Brasil vendia ao exterior: de um território democrático no quesito racial.

Neo-lamarkismo – conjunto de teorias bastante diversas, desenvolvidas nas duas últimas décadas do século 19, que aceitavam o princípio da herança de caracteres adquiridos.

Oligarquias – regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo de pessoas de um mesmo partido, classe ou família, que governa em benefício próprio.

República Velha – recebe esta denominação para distingui-la da República Nova. A Velha compreende o período da proclamação (1889) até a ascensão de Getúlio Vargas em 1930.

Benito Mussolini (1883-1945) – Foi um dos criadores e líder do Partido Nacional Fascista. Em 1922 tornou-se Primeiro Ministro da Itália e em 1925 começou a utilizar o título Il Duce, que significa “o líder”. Foi o líder da República Social Italiana e teve o controle supremo sobre as forças armadas da Itália. Permaneceu no poder até 1943. Foi um dos fundadores do Fascismo Italiano, que era nacionalista, corporativista, expansionista, anti-comunista, ligado ao sindicalismo nacional e pelo progresso social. Entrou na Segunda Guerra Mundial ao lado do Adolf Hitler. Com a invasão dos aliados foi preso e executado por guerrilheiros italianos, que exibiram seu corpo em área pública, pendurado de cabeça para baixo.

Movimento modernista brasileiro – teve como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922. O evento comemorativo do Centenário da Independência do Brasil foi organizado por um grupo de intelectuais e artistas. O movimento declarava o rompimento com as correntes literárias e artísticas anteriores e o compromisso com a independência cultural do país e de um estilo novo, associado às questões nacionais, à urbanização, à industrialização e à migração de estrangeiros/as. O Movimento aconteceu em vários estados do país com forte presença até 1930. Nele se destacaram Heitor Villa-Lobos na música, Mario e Oswald de Andrade na literatura, Victor Brecheret na escultura, Anita Malfatti e Di Cavalcanti na pintura, entre outros/as. 

O mistério do samba – na obra, o autor, Hermano Vianna, destaca o encontro entre representantes da elite e intelectuais do Brasil e os/as músicos/as negros/as e mestiços/as das periferias do Rio de Janeiro. Para VIANNA, o registro e análise destes encontros foram essenciais para  descobrir o processo de transformação do samba - ritmo renegado pela elite e discriminado pela polícia- em um símbolo nacional. O encontro de nomes como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes Neto entre outros, com os músicos Pixinguinha, Patrício Teixeira e Donga, são relacionados pelo autor, com as questões de identidade nacional, da busca de uma definição sobre o que é ser brasileiro/a, no contexto sociocultural do Rio de Janeiro nas décadas de 1920 e 1930 (Crf. a  http://camelomarinho.blogspot.com/2009/05/o-misterio-do-samba-hermano-vianna.

Escola de Chicago – A Escola de Chicago surgiu da iniciativa de sociólogos/as norte americanos/as, nos anos 1910. A partir do Departamento de Sociologia passaram a estudar os fenômenos sociais que ocorriam nas áreas urbanas das metrópoles: comportamentos desviantes, gangues, comunidades segregadas etc. A partir de pesquisas passaram a desenvolver novos conceitos, teorias e métodos para explicar e controlar  estes fenômenos. Assim, a expressão Escola de Chicago passou a designar as correntes do pensamento de diferentes áreas (arquitetura  e urbanismo, psicologia social, comunicação social e etc.) e épocas, desenvolvidas na cidade de Chicago.

Epifenômeno – fenômeno causado por outro fenômeno mais importante. Por exemplo, o efeito secundário de uma doença.

Grupos focais - modalidade de entrevista que segue um roteiro, prevê um/a moderador/a condutor/a da conversa e um/a ou mais observadores/as, que complementam o material. O grupo focal é interessante para provocar opiniões e experiências dos/as participantes, que permitam leituras do mundo a partir do ponto de vista dos/as integrantes do grupo. É um instrumental, que encoraja os/as entrevistados/as a dizerem o que pensam sobre um determinado assunto e exporem suas opiniões com franqueza.

Sociedade estamental - sociedade que tem camadas sociais mais fechadas do que as classes sociais, e mais abertas do que as castas. Historicamente, os testamentos caracterizaram a sociedade feudal durante a Idade Média.

Survey - É uma pesquisa empírica, composta de um questionário, que deve ser validado antes de ser aplicado aos/às participantes escolhidos/as. Os dados levantados são analisados e produzem resultados. Esse modelo é muito usado em pesquisas de voto, de opinião pública e de serviços.

Abdias do Nascimento (1914 -) - poeta, escultor, ex-político e ativista social do Movimento Negro é um dos grandes militantes no combate à discriminação racial no Brasil. Criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro. Ficou dez anos no exílio. Na volta foi deputado federal (1983-1987) e senador da República (1997-1999). Colaborou com o Movimento Negro Unificado. Criou em 2006, em São Paulo, o dia 20 de novembro, como dia oficial da consciência negra. Foi Professor Benemérito da Universidade do Estado de Nova York e doutor “Honoris Causa” pelo Estado do Rio de Janeiro e pela Universidade de Brasília. Autor de vários livros: “Sortilégio”, “Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos”, “O Negro Revoltado”, entre outros.  Para saber mais visite http://www.abdias.com.br/

Ethos – características sociais e culturais de um povo; aquilo que lhe confere identidade, distinguindo-o de outros.

Africanidade- Em sentido geral, pensar em africanidade nos remete ao sentido de reconhecimento tanto do lugar histórico, sociopolítico e lúdico-cultural, onde tudo se liga a tudo. Na prevalência da africanidade o universo é gerado na existência coletiva, prevalecendo o Ser Humano e o Espaço enquanto expressão da chamada força vital, imprescindível para evidenciar a construção de uma identidade negra postulada na construção de um mundo das tradições coletivas do amplo continente africano, presente e recriada no cotidiano dos grupos negros brasileiros.

Afro-brasileiro- O termo designa tanto pessoas quanto coisas e a cultura oriunda dos descendentes de africanos no Brasil. Afro-brasileiro é hifenizado porque se trata de um adjetivo pátrio composto, isto é, um adjetivo formado de elementos designativos de duas ou três nacionalidades diferentes, ou seja, africano+brasileiro.

Afrodescendente- Para os povos africanos e seus descendentes, a ancestralidade ocupa um lugar especial, tendo posição de destaque no conjunto de valores de mundo. Vincula-se à categoria de memória, ao contínuo civilizatório africano que chegou aos dias atuais irradiando energia mítica e sagrada. Integrantes do mundo invisível, os ancestrais orientam e sustentam os avanços coletivos da comunidade. A ancestralidade redefine a alegria de partilhar um espaço rodeado de práticas civilizatórias e o viver de nossos antepassados, conduzindo para um processo de mudanças e enriquecimento individual e coletivo em que o sentimento e a paixão estão sintonizados com o ser e o comportamento das pessoas (SOUZA, 2003). A ancestralidade remete aos mortos veneráveis, sejam os da família extensa, da aldeia, do quilombo, da cidade, do reino ou do império, e à reverência às forças cósmicas que governam o universo, a natureza.

 Auto-Estima- Sentimento e opinião que cada pessoa tem de si mesma. É na infância, no contato com o outro, que construímos ou não a nossa autoconfiança. As experiências do racismo e da discriminação racial determinam significativamente a auto-estima dos(as) adultos(as) negras e somente a reelaboração de uma nova consciência é capaz de mudar o processo cruel de uma sociedade desigual que não os(as) estimula e nem respeita. O processo psicológico é um dos aspectos mais importantes da auto-estima, pois conduz as relações interpessoais. As formas como nos relacionamos como o outro em muitas situações geram falsos valores. Então o caminho para construção da autoestima está calcado em uma sociedade mais justa e igualitária, no reconhecimento e valores de cada indivíduo como um ser essencial.

 Classificação racial- No Brasil os métodos do IBGE para classificar os grupos de cor/raça. Atualmente o Instituto classifica as pessoas como sendo brancas, pretas, pardas, amarelas e indígenas. Houveram na história dos recenseamentos várias mudanças. No censo de 1872 a população era classificada como sendo branca, preta, parda e caboclo ( aqui se incluía os indígenas) . No Censo de 1890 a cor parda foi substituída por mestiço . No Censo de 1940 temos novamente a classificação dos pardos, junto a dos brancos, pretos e amarelos. Os indígenas foram incluídos somente no censo de 1990. A classificação racial do IBGE meramente descritiva não encontra na contemporaneidade, legitimidade por parte das pessoas que tenta representar. Pretos e pardos não gostam de serem chamados por estes nomes. E, por outro, outras definições de identidades estão sendo adotadas pela sociedade e pelas pessoas. Este é um dos grandes debates que o Brasil enfrentará neste século segundo alguns especialistas em estudos demográficos.

Continente Africano- Limita-se ao norte pelo Mar Mediterrâneo, ao oeste pelo Oceano Atlântico , ao leste pelo Oceano Indico, é constituído por 53 países e conta com uma população de aproximadamente 830 milhões de pessoas. Segundo Moore, “ A mais marcante das singularidades africanas é o fato de seus povos autóctones terem sido os progenitores de todas as populações humanas do planeta, o que faz do continente africano o berço único da espécie humana”, sendo portanto, a África denominada “ Berço da Humanidade”.

Consulta- É uma ação que pretende ouvir dos atores participantes da implementação de uma política, sobre suas impressões, opiniões e sugestões.

Cultura/Cultura Negra- Conceito central das humanidades e das ciências sociais e que corresponde a um terreno explícito de lutas políticas. Para Muniz Sodré, a demonstração de cultura está comprometida com a demonstração da singularidade do indivíduo ou do grupo no mundo: “A noção de cultura é indissociável da idéia de um campo normativo. Enquanto ela emergia, no Ocidente, surgiam também as regras do campo cultural, com suas sanções – positivas e negativas” (SODRÉ, 1988b). Podemos conceituar o termo cultura como estratégia central para a definição de identidades e de alteridade no mundo contemporâneo, um recurso para a afirmação da diferença e da exigência do seu reconhecimento e um campo de lutas e de contradições.

Diretrizes Curriculares- As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro Brasileira tem como objetivo regulamentar a alteração proposta à Lei 9.934/96 trazida pela lei 10.639/03. As diretrizes orientam a formulação de projetos para a implementação da lei , bem como, para a valorização da história e cultura dos afro-brasileiros e dos africanos. As diretrizes foram instituídas pelo Conselho Nacional de Educação/CNE e teve por relatora a professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva que possui assento como membro representante da comunidade negra. As Diretrizes foram instituídas pela Resolução no 1, de 17 de junho de 2004 , do CNE.

Discriminação racial- Segundo Pinski, discriminação é o preconceito em ação. Para Bento essa é a diferença entre preconceito e discriminação racial. A Discriminação Racial implica na ação, no ato de discriminar.Enquanto que o racimo e o preconceito encontram-se no âmbito das doutrinas. No Brasil temos legislação que proíbe a discriminação racial, ou seja, o ato de alguém discriminar outro alguém por conta de suas características étnico-raciais.

Diversidade- As educadoras Gomes & Silva nos indicam que “o trato da diversidade não pode ficar a critério da boa vontade ou da implantação de cada um. Ele deve ser uma competência político-pedagógica a ser adquirida pelos profissionais da educação culturais. Essa constatação indica que é necessário repensar a nossa escola e os processos de formação docente, rompendo com as práticas seletivas, fragmentadas, corporativistas, sexistas e racistas ainda existentes”. Nesse sentido, afirma Nilma Lino Gomes: “Assumir a diversidade cultural significa muito mais do que um elogio às diferenças. Representa não somente fazer uma reflexão mais densa sobre as particularidades dos grupos sociais, mas, também, implementar políticas públicas, alterar relações de poder, redefinir escolhas, tomar novos rumos e questionar a nossa visão de democracia”.

Étnico/Etnia- Refere-se a diferentes grupos raciais ou nacionais que se identificam, ou são identificados por outros, em virtude de suas práticas, normas sistemas de crenças e/ou características biológicas em comum. Ao serem denominados grupos étnicos, são implicitamente identificados por estar em minoria e possuir atitudes e tradições consideradas diferentes pela sociedade. Segundo alguns autores, o etnocentrismo no plano intelectual é a dificuldade de pensar a diferença e que, no plano afetivo emocional mobiliza sentimentos de hostilidade, medo e estranheza.

O racismo foi construído e, dentro desse processo, vem passando por vários elementos. A população negra sofre muitas discriminações em desrespeito à cultura africana e em relação a sua cor. Na realidade o que existe mesmo é um preconceito em relação aos aspectos físicos, que envolve a cor, a origem, o cabelo (porque o natural do negro é ter o cabelo crespo). Quando um jovem negro vai num local, por exemplo, procurar um emprego, é negada a sua entrada. Ele é logo visto como um marginal, bandido... Muitas vezes acaba sendo marginal, porque é assim que ele é visto pela sociedade. 

Aliás, a nossa sociedade vê a população pobre como mais suscetível a produzir bandido, ladrão, por causa da condição social. E aí o negro, por esta condição de se encontrar numa situação de marginalidade, acaba sendo associado a esta imagem de ser um bandido e este preconceito está ligado ao aspecto físico da população negra.

A pessoa como ser vivo é mais que uma simples realidade biológica. Ela é definida por uma inserção social, marcada por influências e determinantes culturais, por valores e contra valores. As sociedades, ao longo de sua história, movem-se em base de preconceitos sociais, raciais, religiosos e políticos, dificultando, muitas vezes, o respeito às diferenças e à integração necessária ao desenvolvimento do ser humano.

Uma coisa que sempre me chama atenção em relação às pessoas que são negras, e no vídeo: “Quesito Cor” mostrou alguns exemplos, muitas delas não assume sua cor e raça. Estamos começando o período de rematrícula e matrícula e todo ano acontece alguns casos, quando perguntamos a cor da criança, às vezes a criança é bem escurinha, mas o pai não assume e diz que a cor é parda, branca, mas nunca negra, de 10 pessoas, apenas 2 admite que é negra. Ou seja, se eu não sou capaz de sentir orgulho e assumir o que sou como eu vou agir com o meu próximo? E para a criança como será?

Então, o preconceito nasce da própria raça, e isso precisa ser trabalhado. Sabemos que a partir do momento em que a população tem acesso à escola, tem maior nível de escolaridade, melhora sua condição social e a condição do contexto em que vive, porque desta forma a pessoa tem sua consciência crítica ampliada.

Que a luta contra a discriminação racial é uma luta de todos nós brasileiros, de todos os cidadãos, porque é uma luta pelo resgate da cultura brasileira, já que a nossa cultura é formada também por todos esses elementos que constituem a cultura brasileira. Isso vai contribuir para o desenvolvimento intelectual e social de toda a sociedade e para a nossa própria humanização.

Unidade I - A construção histórica da ideia de raça



A palavra Racismo por certa coincidência se parece com o nome de origem raça, que na verdade não tem nada haver uma coisa com a outra, pois as suas definições são distintas uma vez que, o racismo nada mais é, que uma forma que os homens criaram para menosprezar as pessoas simplesmente pela diferença de cor, e é algo que vem acontecendo há anos e nos dia atuais de cultura totalmente diferente das anteriores, mas mesmo assim o problema ainda persiste nas escolas, trabalhos e dentro da sociedade; mesmo existindo leis que proíbam e punem quem comete tal ato, mas mesmo assim sempre os noticiários estão mostrando com freqüência, tamanhos absurdos, onde muitos deles além das agressões morais ainda existem as físicas também. Esse é mais uma ignorância que precisa ser banida da sociedade o quanto antes, pois pessoas que praticam tal ato deveriam ver as pessoas de cor negra com um outro olhar, pois foram eles que iniciaram esse país maravilhoso onde vivemos que é o Brasil, e pior de tudo, de graça e sofrendo todos os tipos de abuso e agressões físicas e morais.
O racismo pelo olhar científico tem uma origem na idealização de algumas sociedades, grupos e culturas que usaram esse modelo de forma negativa para se diferenciar das demais pessoas e manter a cultura da diferenciação entre os seres humanos.
Esse extenso debate sobre racismo vem se prolongando até os nossos dias, pois essas posições distintas de etnocentrismo e unitaristas se universalizaram como uma forma de hierarquia interna entre a humanidade.
Podemos perceber que a discriminação existe e persiste há séculos, pois independente de cor, no período medieval entre os séculos XV e XVI os judeus já eram discriminados por questões religiosas.; e independente de cor e religião tamanho absurdo vai além, pois a tese da descendência única da humanidade desde Adão, ou seja nunca o homem aceitou a cultura de outros povos como por exemplo a maneira em que os índios viviam e vivem até hoje.
Mesmo com tantos tipos de discriminação entre a humanidade, os negros ainda são os que mais sofrem, pois desde a época da escravidão que eles são vistos com inferioridade social perante a nação.
A escravidão e conseqüentemente a discriminação racial vista pelo lado religioso, existe desde a maldição de Noé sobre seu filho sendo toda sua descendência determinado antemão por Deus, ou seja, a escravidão já era destinada desde a criação do mundo.
O capitalismo fez com que as pessoas procurassem meios de se diferenciar as classes, formando o grupo de burguesia entre a nação, ficando assim difícil a unificação da nação. Por tanto é algo muito complexo de se discutir, pois tem toda uma história e uma cultura antiga por traz disso tudo, ficando assim não impossível, mas muito difícil de resolver esse problema de unificação entre os povos, fazendo com que muitos aceitem que somos todos pertencentes de um mesmo grupo independente da cor da pele e das condições sociais.
A superioridade sempre fez com que os povos procurassem meios de se sentirem diferentes dos demais entre uma classe ou outra, isso se falando em origens étnicas desde os tempos dos aristocratas sobre os plebeus mantendo um caráter étnico racial.
Uma verdadeira construção da história seria unificar os povos e construir uma nação de origem comum, mas para que isso venha acontecer um dia, provavelmente uma grande guerra pode acontecer, pois mudar uma simples cultura já é difícil imagine um costume desde a criação do mundo.
Tanto na teoria como na prática sobre a sobrevivência, sempre existiu a lei do mais forte, isso só contribui com o atraso do desenvolvimento das nações, pois os direitos das raças fortes “ativas” perante as fracas “passivas” devem ser extintas de toda e qualquer sociedade, pois não deve existir essa dominação das raças fortes perante as fracas. Isso só contribui para uma cultura de povos com descendências racistas e que faz com que o desenvolvimento das civilizações esteja cada vez mais distante da expansão das civilizações.
O antropólogo Franz Boas conseguiu com seus estudos e pesquisas provar que as diferenças raciais entre humanos não eram suficientes para comprovar diferenças morais, de habilidades ou comportamentos, os seres humanos e suas formas de vida eram produtos do meio, ou seja, suas características biológicas dependem do meio no qual eles vivem. A comunidade antropológica já estudou esse conceito e disponibilizou para o mundo, mas o grande problema é a cultura que cada um insiste em carregar desde os seus antepassados.

Enquanto trabalhador em uma sociedade que insiste em tapar os olhos para a verdade e permanece discriminando as pessoas e culpando toda uma cultura dos seus antepassados; vejo que o conhecimento teórico e a coragem de colocar isso em prática podem contribuir e muito para uma sociedade futura e breve com melhores condições sociais.
Acontecimentos relacionados ao racismo existem dentro do meu trabalho quanto na sociedade em geral desde sempre, ou seja, mesmo antes de realizar a leitura já vinha acontecendo, mas após a leitura tive a oportunidade de debater o assunto com uma pessoa que é coordenadora de um grupo afro, onde mesmo sem o conhecimento do material, ela me falou sobre o que Franz Boas já havia pesquisado, que as diferenças entre as características físicas das pessoas dependem do meio no qual elas vivem, pois são produtos do meio e procuram se adaptarem a sua localização de sobrevivência.
Agora posso entender melhor o porquê da forma física diferenciada de cada pessoa e que ela não depende exclusivamente do grau parentesco ou DNA de cada ser humano.


No mundo em que vivemos percebemos que os indivíduos são diferentes, estas diferenças se baseiam nos seguintes aspectos: materiais, raça, sexo, cultura e outros.
Raça  do ponto de vista científico não existem raças humanas; há apenas uma raça humana. No entanto, do ponto de vista social e político é possível e necessário reconhecer a existência do racismo enquanto atitude. Assim, só há sentido em usar o termo raça numa sociedade racializada, ou seja, que define a trajetória social dos indivíduos em razão da sua aparência. 
Ao longo da história, a crença na existência de raças superiores e inferiores, foram utilizadas para justificar a escravidão ou o domínio de determinados povos por outros.
Racismo é a convicção de que existe uma relação entre as características físicas hereditárias, como a cor da pele, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais. A base, mal definida, do racismo é o conceito de raça pura aplicada aos homens, sendo praticamente impossível descobrir-lhe um objeto bem delimitado. Não se trata de uma teoria científica, mas de um conjunto de opiniões, além de tudo pouco coerentes, cuja principal função é alcançar a valorização, generalizada e definida, de diferenças biológicas entre os homens, reais ou imaginárias.
Um primeiro estágio de racismo confunde-se com a xenofobia: determinado grupo social hostiliza um estranho por considerar nefasto todo contato fora do grupo social, o qual tira sua força da homogeneidade e da aceitação entre seus membros das mesmas regras e princípios, recusados ou desconhecidos pelo elemento exógeno. Em outro nível, tal repúdio é justificado pela diferença física, que se torna o suporte do componente racista.
A genética demonstra que a variabilidade humana quanto às combinações raciais pode ser imensa. Mas as diferentes adaptações ocorridas a nível racial não alteraram sua estrutura quanto espécie.
Desta forma, a unidade fundamental da espécie humana permanece imutável, e assim provavelmente permanecerá apesar das diferenças raciais.
Todas as raças provêm de um só tronco, portanto o patrimônio hereditário dos humanos é comum. E isto por si só não justifica o racismo, pois as raças não são nem superiores, nem inferiores, são apenas diferentes. 




Percebe – se a urgência na implantação de uma consciência coletiva que extingue o pensamento preconceituoso da mente dos indivíduos, criando um novo modelo de desenvolvimento, baseado em uma formação contínua e norteado pelo interesse comum na promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, principalmente daqueles agentes sociais que participam ativamente das decisões políticas e jurídicas. O avanço da consciência social a respeito da importância da educação no processo de construção das condições dignas da existência humana impõe hoje, a necessidade de estabelecer em conjunto com os movimentos sociais, as bases de uma política pública de educação, que efetive a responsabilidade do poder público com a população enquanto sujeito de direitos, num espaço social e político, em permanente transformação.
Percebe – se a urgência na implantação de uma consciência coletiva que extingue o pensamento preconceituoso da mente dos indivíduos, criando um novo modelo de desenvolvimento, baseado em uma formação contínua e norteado pelo interesse comum na promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, principalmente daqueles agentes sociais que participam ativamente das decisões políticas e jurídicas. O avanço da consciência social a respeito da importância da educação no processo de construção das condições dignas da existência humana impõe hoje, a necessidade de estabelecer em conjunto com os movimentos sociais, as bases de uma política pública de educação, que efetive a responsabilidade do poder público com a população enquanto sujeito de direitos, num espaço social e político, em permanente transformação.




Conceitos:




Assimilação – processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e adquirem  padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes de outra parte. É um ajustamento interno e indício da integração sociocultural, ocorrendo principalmente nas populações que reú-nem grupos diferentes.
Etnocentrismo – considerar as categorias, normas e valores da própria cultura ou sociedade como parâmetro aplicável a todas as demais (Definição dicionário Aurélio, 1999, p.849).
Modernidade - período histórico cujas origens remontam ao século XVI, consolidado com as revoluções industriais e liberais do século XVIII. Associado à emergência do capitalismo, tem como características principais a idéia de indivíduo, a emergência do direito liberal e da ciência como campo autônomo (e depois fragmentado em várias especialidades) como ordenadoras do mundo social por meio da supremacia da “razão”. Está associada também a uma nova noção de tempo histórico que organiza passado, presente e futuro por intermédio da idéia linear de desenvolvimento progressivo e contínuo.
Nazismo – ideologia do Partido Nacional Socialista que afirmava a superioridade biológica da raça ariana e por isso a necessidade de dominar as raças inferiores, tais como os judeus, eslavos, ciganos e negros. Pregavam que era preciso exterminar os considerados doentes incuráveis, tais como os homossexuais, epiléticos, esquizofrênicos, retardados, alcoólatras e outros. Com Hitler no poder, a ideologia nazista se dedicou a construir teorias que justificavam o racismo e o anti-semitismo. O nazismo surgiu e se fortaleceu numa Alemanha que, após a derrota na Primeira Guerra Mundial, estava em crise e muito enfraquecida e se abriu às promessas demagógicas de Hitler, que prometeu segurança e novas perspectivas.
Racialismo – conjunto das ciências que buscam comprovar que a raça humana está subdividida em outras raças ou sub-raças.
Xenofobia – repulsa ao que é e a quem é estrangeiro/a.
Indivíduo – uma construção ocidental, a partir da Renascença e da emergência do direito liberal. Supõe um sujeito dotado de razão e autonomia de pensamento e ação que o afasta das concepções religiosas e tradicionais, as quais o ligavam a Deus e à comunidade.
Antissemita – aquele/a que tem aversão e ódio ao povo judeu.
Monogenismo – sistema antropológico que considera todas as raças humanas provenientes de um tipo único primitivo.
Poligenistas – defendem a teoria de que a humanidade não tem uma origem comum, mas descende de espécies distintas, de diversos grupos humanos.
Degeneração – perder as características próprias da espécie.


BIBLIOGRAFIA:




APOSTILA DO CURSO EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM GÊNERO E RAÇA – GPPGR/UFES